Naturopatia

 

A Naturopatia existe em Portugal desde a época do seu nascimento na Europa, ou seja, desde o século XIX. Foi com o 25 de Abril que ganhou direito de cidadania e expressão pública. Mas foi nos anos oitenta que o crescimento exponencial dos profissionais-especialistas teve o seu início.

A existência da classe profissional de Naturopatas em Portugal, tem um quarto de século. Até 1974, os profissionais da Naturopatia eram escassos. Indiveri Colucci e José Lyon de Castro, médicos e adeptos da Naturopatia, foram os maiores em Portugal. No primeiro terço do século XX, Amílcar de Sousa, foi o expoente da saúde integrativa em Portugal. No último terço do século XX Adriano de Oliveira, médico e mestre em sabedoria de Naturopatia aderiu com entusiasmo ao movimento internacional Neo-Hipocrático. Indiveri Colucci, apesar de várias vezes ter manifestado disponibilidade para financiar a abertura de um estabelecimento de ensino – escola – não conseguiu essa concretização face ao deficit de valores culturais, sociais e políticos da sociedade portuguesa.
A formação de especialistas nas áreas das Terapêuticas Integrativas/TNC (Naturopatia, Homeopatia, Acupunctura, Medicina Tradicional Chinesa, Osteopatia, Fitoterapia e Quiropráxia) em Portugal surgiu nos anos oitenta.

“A medicina natural é “Vitalista” no seu enfoque porque considera a vida como algo mais do que a soma dos processos bioquímicos, e crê que o corpo tem inteligência inata que sempre se esforça por alcançar a saúde.” Murray & Pizzorno

Hipócrates, considerado o Pai da Medicina, afirmou que a doença não se manifesta apenas como moléstia (pathos), mas como esforço (ponos) do corpo para restaurar o equilíbrio funcional. Descobriu que os mecanismos de cura (homeostáticos ou auto-reguladores) funcionavam de modo permanente. Hipócrates concluiu que existem três maneiras de tratar a pessoa:

1 – “Contraria Contariis Curentur” (Os contrários curam-se pelos contrários)- base da Alopatia [princípio seguido por Galeno].
2 – “Similia Similibus Curentur” (Os semelhantes curam-se pelos semelhantes)- base da Homeopatia.
3 – “Vis Medicatrix Naturae” – força natural do corpo para conseguir a harmonia.

A visão de Hipócrates levou-o a concluir que a saúde era o resultado da harmonia entre “humores e interacção da pessoa com o meio“.

Defendendo a presença de quatro tipos de humores no organismo, aprimorou a ideia de que os quatro elementos – Ar, Água, Terra, Fogo – quando são afectados pela força vital, transformam-se em ”húmus ou fluidos vitais”.

Fluidos vitais: sangue, fleuma, bílis negra, bílis amarela.

Hipócrates ensinava que o ar absorvido pelos pulmões transformava-se em sangue; a águaem fleuma; a terra (contida nos alimentos), em bílis negra; o calor ou fogo, em bílis amarela.

Com Hipócrates deu-se inicio a uma era nova, na sabedoria e na criação de uma profissão de saúde, separando-a da mágia. Ele, diferenciou o profissional de saúde pelo recurso aos elementos, substâncias e métodos naturais: alimentação, plantas, água, sol, ar, descanso e não a métodos parapsicológicos.

Este é um passado comum à naturopatia, à medicina convencional e é a raiz da ciência moderna. A naturopatia respeita o saber popular, acumulado ao longo de séculos e gerações. Esse saber, embora necessite de ser comparado, triado e avaliado, é uma herança preciosa que contribui para a humanidade sobreviver. O uso das plantas medicinais e o seu uso tradicional, tem confirmação e comprovação através de estudos científicos. Foi no séc. XIX que a ciência e a medicina moderna ganharam autonomia. Mas foi no séc. XX, que elas conseguiram estabilizar. Foi também no séc. XIX que foram lançadas as bases da naturopatia. Mas foi no século XX que a prática e a teoria foram definidas. A naturopatia tem um percurso paralelo com a ciência e a medicina moderna.

Com este percurso estabeleceram-se pontes entre a Antiguidade e a actualidade e entre a tradição e o saber erudito. Hipócrates foi quem codificou o comportamento do profissional de saúde. Tal é esta coerência que ainda hoje o “Juramento de Hipócrates” prevalece.

O médico trata, a natureza cura. [Quintiliano]

O médico do futuro não dará medicamentos mas envolverá os pacientes no cuidado da constituição física e da dieta e na causa e prevenção das doenças [Thomas Edison]